sábado, 25 de outubro de 2014

Uma Caminhada Silenciosa


Clive anda através das ameaçadoras árvores enquanto observa as nuvens que deslizam no azul cortado pela fumaça de um avião a jato. Ele gosta de caminhadas desse tipo. Estes são uns dos momentos em que ele permanece completamente sozinho. Ele passa sobre uma árvore tombada, coberta de musgo, a qual serve como uma ponte que leva ao outro lado de um riacho, quando avista um vulto branco próximo a margem.
Clive para e agacha sobre o tronco, buscando uma visão melhor daquilo que dispunha-se logo abaixo de si. Ele quase cai quando finalmente vê do que se trata.O branco provinha de uma camiseta a qual um cadáver que ali jazia vestia. Clive rapidamente desce do tronco e vai de encontro ao corpo. Ele anda de modo como se esgueirasse até o homem, agora sem vida. Ele se aproxima mais alguns passos e novamente para, tendo em vista analisar a cena.
O homem está completamente pálido e possui sangue espalhado por toda a sua blusa. Seu cabelo é castanho e está coberto de folhas de árvores que ficavam perto do local. Quando Clive finalmente se aproxima mais do homem, este solta um grunhido e rola lentamente pelo chão, olhando para Clive com um olhar de confusão.
“Cara, tudo bem?” Pergunta Clive.
“E- Eu não sei... Onde eu estou?”
“Você está na floresta, em Halford. Eu tava caminhando por aqui quando eu vi você caído e... vim ver se tava tudo bem”.
O homem abaixa a cabeça e olha para seu peito “Você tem um celular? Eu preciso ligar pra minha esposa. Agora”.
“Tá, claro, toma...”
Clive mexe em seu bolso, tira seu telefone e o entrega para o homem. O homem pega o telefone, porém com a outra mão ele pega uma pedra, esmagando o celular e o jogando dentro da água.
“Nem pense em correr.” Diz o homem, enquanto se levanta. Clive percebe que as juntas do estão cortadas e derramam muito sangue.
“Por favor, deixe-me ir, se não eu-”
“Se não o que?”pergunta o homem. Sua voz agora é grossa e tensa. “O que você pensou que eu ia fazer? Você por um acaso me conhece?”
 “Não, eu só achei que-”
“Achou o que? Que eu ia te matar? Te espancar?Te estuprar?! Quem você acha que é para prever minhas ações? Nem eu mesmo sei o que virei a fazer, então, qual a chance de VOCÊ saber? Você é idêntico a ele, idêntico a ele, IDÊNTICO A ELE!
 “Toma minha carteira, só pega. Por favor.” Clive joga a carteira de couro em frente aos pés do homem. O homem a chuta e dá um passo a frente.
“Eu não quero a porra do seu dinheiro! Qual a parte que você não entendeu?! Eu tôi completamente destruído! Eu estou pensando em pegar seu coração pra mim… Eu posso ser sua alma. Eu posso ser seu Deus, sua filha, sua amante e seu assassino, então por que você não consegue me ver por dentro como eu consigo ver você?! Meu nome é Hollow. Qual o seu?”
“Clive… Grenoult. Escuta, só me deixa ir, por favor, por favor…”
“Ir pra onde? Pra onde você pode ir além de uma poça de seu próprio sangue?”
“Eu vou pra casa, e vou esquecer sobre o celular e tudo, por favor.”
“Onde você mora?”
Clive dá um passo para trás. Hollow avança na direção de Clive, pressionando sua face com uma força monstruosa. Clive cai para trás com o impacto e rapidamente se levanta, buscando correr. Enquanto corre, ele escuta passos e uma respiração pesada atrás dele.
“Volte e me ajude! Por favor!” Grita desesperadamente o homem.
Clive continua correndo por volta de mais 45 metros, quando ouve os passos atrás dele cessarem. Clive nem mesmo olha para trás. Ele não para até que consegue alcançar a saída da floresta. Quando finalmente chega a rua ele se dirige diretamente a seu carro, que está estacionado no canto da estrada. Ele entra e trava as portas. Ele olha para a entrada da mata e vê o homem sorrindo para ele, atrás de uma. Clive congela e assiste ao homem desaparecer através da escuridão. Clive liga o carro e vai pra casa.

No mesmo dia, as duas da manhã, sua carteira de identidade, coberta de lama, aparece na porta de seu quarto.



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