Clive anda através
das ameaçadoras árvores enquanto observa as nuvens que deslizam no azul cortado
pela fumaça de um avião a jato. Ele gosta de caminhadas desse tipo. Estes são
uns dos momentos em que ele permanece completamente sozinho. Ele passa sobre uma
árvore tombada, coberta de musgo, a qual serve como uma ponte que leva ao outro
lado de um riacho, quando avista um vulto branco próximo a margem.
Clive para e agacha
sobre o tronco, buscando uma visão melhor daquilo que dispunha-se logo abaixo
de si. Ele quase cai quando finalmente vê do que se trata.O branco provinha de
uma camiseta a qual um cadáver que ali jazia vestia. Clive rapidamente desce do
tronco e vai de encontro ao corpo. Ele anda de modo como se esgueirasse até o
homem, agora sem vida. Ele se aproxima mais alguns passos e novamente para,
tendo em vista analisar a cena.
O homem está
completamente pálido e possui sangue espalhado por toda a sua blusa. Seu cabelo
é castanho e está coberto de folhas de árvores que ficavam perto do local.
Quando Clive finalmente se aproxima mais do homem, este solta um grunhido e
rola lentamente pelo chão, olhando para Clive com um olhar de confusão.
“Cara, tudo bem?”
Pergunta Clive.
“E- Eu não sei...
Onde eu estou?”
“Você está na
floresta, em Halford. Eu tava caminhando por aqui quando eu vi você caído e...
vim ver se tava tudo bem”.
O homem abaixa a
cabeça e olha para seu peito “Você tem um celular? Eu preciso ligar pra minha
esposa. Agora”.
“Tá, claro, toma...”
Clive mexe em seu
bolso, tira seu telefone e o entrega para o homem. O homem pega o telefone,
porém com a outra mão ele pega uma pedra, esmagando o celular e o jogando
dentro da água.
“Nem pense em
correr.” Diz o homem, enquanto se levanta. Clive percebe que as juntas do estão
cortadas e derramam muito sangue.
“Por favor,
deixe-me ir, se não eu-”
“Se não o que?”pergunta
o homem. Sua voz agora é grossa e tensa. “O que você pensou que eu ia fazer?
Você por um acaso me conhece?”
“Não, eu só achei que-”
“Achou o que? Que
eu ia te matar? Te espancar?Te estuprar?! Quem você acha que é para prever
minhas ações? Nem eu mesmo sei o que virei a fazer, então, qual a chance de
VOCÊ saber? Você é idêntico a ele, idêntico a ele, IDÊNTICO A ELE!
“Toma minha carteira, só pega. Por favor.”
Clive joga a carteira de couro em frente aos pés do homem. O homem a chuta e dá
um passo a frente.
“Eu não quero a
porra do seu dinheiro! Qual a parte que você não entendeu?! Eu tôi
completamente destruído! Eu estou pensando em pegar seu coração pra mim… Eu
posso ser sua alma. Eu posso ser seu Deus, sua filha, sua amante e seu
assassino, então por que você não consegue me ver por dentro como eu consigo
ver você?! Meu nome é Hollow. Qual o seu?”
“Clive… Grenoult. Escuta,
só me deixa ir, por favor, por favor…”
“Ir pra onde? Pra
onde você pode ir além de uma poça de seu próprio sangue?”
“Eu vou pra casa, e
vou esquecer sobre o celular e tudo, por favor.”
“Onde você mora?”
Clive dá um passo
para trás. Hollow avança na direção de Clive, pressionando sua face com uma
força monstruosa. Clive cai para trás com o impacto e rapidamente se levanta,
buscando correr. Enquanto corre, ele escuta passos e uma respiração pesada
atrás dele.
“Volte e me ajude! Por
favor!” Grita desesperadamente o homem.
Clive continua
correndo por volta de mais 45 metros, quando ouve os passos atrás dele cessarem.
Clive nem mesmo olha para trás. Ele não para até que consegue alcançar a saída da
floresta. Quando finalmente chega a rua ele se dirige diretamente a seu carro,
que está estacionado no canto da estrada. Ele entra e trava as portas. Ele olha
para a entrada da mata e vê o homem sorrindo para ele, atrás de uma. Clive
congela e assiste ao homem desaparecer através da escuridão. Clive liga o carro
e vai pra casa.
No mesmo dia, as
duas da manhã, sua carteira de identidade, coberta de lama, aparece na porta de
seu quarto.
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