"O que é isso?"
"Vamos ouvir."
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Gravação de áudio ativada.
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Data da gravação: 21/12/2102
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Aqui fala... Aqui fala o Tenente Coronel Joseph Hunningan, Comandante da centésimo-sétimo batalhão, cavalaria, Fuzileiros da Federação Unida.
A quem quer que interesse, antes que eu prossiga, deixe-me pedir desculpas por estar gravando em um aparelho que provavelmente vai desaparecer logo.
Se você for humano, então deve saber da situação. Vou recapitular só para o caso de qualquer informação que eu possua lhe seja útil.
Se você é um deles... então saiba que um dia, talvez não logo mas um dia, o que vocês fizeram a esse planeta vai ser feito ao de vocês. O que vocês fizeram aqui, o caos que trouxeram, será retribuído, dez vezes pior.
A sete meses atrás, a aproximadamente as 13:37 G.M.T, o pessoal da U.F.S.A recebeu uma transmissão de uma localização desconhecida próxima a maior lua de Saturno, Titã.
A transmissão era falada em inglês fluente.
Ela dizia: "...Seres da Terra. Nos dirigimos a vocês agora para que quando o tempo chegue vocês talvez tenham alguma chance de sobrevivência. Seu planeta, o que chamam de Terra, é um dos poucos corpos celestes em sua galáxia, a qual chamam Via Láctea, farto de recursos. Somos seres, que, como vocês, precisamos de recursos para sobreviver. Viremos até a Terra. Levaremos seus recursos. E nós não deixaremos...".
A transmissão acabava ali. Meses se passaram e nada ocorreu. O planeta todo estava aflito, cada país totalmente militarizado, cada maldita bomba nuclear na existência estava pronta para destruir o que quer que se aproximasse a mais de 30 quilômetros da atmosfera.
Achamos que o planeta finalmente veria paz após décadas de guerra. Acreditávamos que a Guerra do Fim teria sido a última que a humanidade teria visto. Depois de perdermos toda a China e metade do Japão na Guerra do Fim devido a radiação, julgamos que a terra viveria longos períodos de paz e prosperidade. A humanidade finalmente havia aprendido que a paz era a verdadeira chave para a prosperidade... e ao que parece, estávamos errados. Peço desculpas por ficar enrolando, tenho pouco tempo.
Após meses de espera por uma invasão alienígena, as coisas começaram a acalmar.
Então eles vieram.
Não em um número grande, nem em incontáveis naves.
Só uma.
Uma única nave, com a altura do Empire State e a largura de um campo de futebol americano. Pousou no sul da África do Sul. O mundo ficou sem ação, assustado, e no mais, curioso. Nenhum satélite detectou-os, nenhum telescópio os viu, nenhuma pessoa escutou... Até que pousou. Não saíram robôs com armas marchando de dentro, nada números imensos de alienígenas grotescos nem nada assim. Só uma coisa. Parecia humano.... Era humano... Pelo menos parecia muito. Até notarmos furos do lado do seu pescoço e estranhos anéis ao redor de seu pulso. Usava um robe branco e tinha a cor de pele marrom clara.
Não era humano.
Quando saiu da nave, a Federação Unida já havia o rodeado de fuzileiros. Graças a Deus eu estava em Nova York e não na África.
Não falou nada. Tudo que fez foi andar até o lago próximo da rampa que descera da nave e colocar a mão dentro da água. Os círculos no seu pulso alargaram e sugaram uma substancial parte da água, água o suficiente para que o lago, que não era tão grande assim, perder meio metro de profundidade. Ninguém fazia ideia de como aquilo era possível.
O que aconteceu a seguir foi inacreditável.
A criatura começou a sugar uma imensa quantia de ar, e logo após exalou um gás pelos buracos do lado do pescoço. Foi como o ar que sai de nossos pulmões em lugares frios, como uma fumaça. A única diferença é que a nuvem que se formou era do tamanho de um elefante e até que ele parasse de exalar a fumaça, se passaram dois minutos.
Ninguém falou nada, ninguém se mexeu, ninguém sabia o que fazer.
Após a criatura terminar de exalar, começou a se engasgar. Tossiu violentamente e cuspiu pedrinhas. Milhares de pedrinhas do tamanho de moedas.
Depois disso, a criatura re-entrou na sua nave e a rampa se fechou, fechando o único acesso à enorme estrutura negra.
Imediatamente foi instaurada quarentena na área para observação. Observação essa que mostrou que as pedrinhas eram compostas de hidrogênio. Só hidrogênio.
Pode não parecer assustador, mas deixe-me explicar. Eu era professor de química na faculdade do exército e sei que hidrogênio sólido só pode ser obtido quando o mesmo é contido em uma área e que a temperatura dessa área seja menor que 260 graus Celsius negativos. E nem temperaturas de 816 Celsius conseguiam derreter as pedrinhas.
A mesma área em quarentena foi diagnosticada com uma quantia anormal de oxigênio.
A primeira hipótese foi que seja lá o que aquela criatura fez, ela converteu a água aos seus dois elementos básicos. Hidrogênio e Oxigênio. Muitos disseram que era impossível porque oxigênio criado nunca é igual ao encontrado na terra, mas a estrutura atômica das pedrinhas era igual à do hidrogênio encontrado na terra. Também era mais sólido que diamante e mais leve que titânio.
Ninguém fazia ideia com o que estávamos lidando.
A nave permaneceu imóvel por 35 dias. Na próxima vez que a nave abriu a rampa, três criaturas iguais saíram de dentro. A essa altura a humanidade já julgava a outra aparição só como uma amostra de poder, já estávamos impacientes. Saíram e assim que chegaram ao chão, ergueram os braços, e não responderam à ordem dos fuzileiros para ficarem onde estavam e não se mexerem. Bateram as palmas e um campo negro cobriu 2 quilômetros quadrados ao redor de onde eles estavam.
Nada sólido, líquido, gasoso e sequer a luz conseguia atravessar o campo. Se manteve lá por três dias. Ninguém que estava dentro do campo quando ele surgiu conseguiu sair. De súbito, após os três dias, as 7:30 G.M.T., o campo sumiu, em menos de um segundo. Junto com o campo, também haviam sumido as pessoas que estavam nele. 73 pessoas desaparecidas. Todos que estavam no campo haviam sumido. Nenhum traço de sua existência, nada. Só se manteve lá a nave e os três seres. Idênticos... Os três... Os três com sorrisos em seus rostos.
Naquele momento deveríamos ter agido. Deveríamos ter feito algo. Sacrificado a África do Sul com todas as bombas atômicas existentes e matar aqueles filhos da puta, talvez pudessemos ter sobrevivido.
O que aconteceu a seguir marcou o fim.
No dia seguinte as 7:40 G.M.T. um flash de luz ao lado da nave chocou todo o mundo. Após o flash se apagar, o que se enfileirou ao lado da nave foi terrível.
73 corpos no chão. Cada corpo estava sem roupas e sem armas. Após cada corpo ser examinado, descobriu-se inalteração. Tudo estava normal... E elas ainda estavam vivas. Não respondiam mais a estímulos e não tinham reações nervosas. Nenhum sinal de atividade cerebral, nada que os humanos considerem "vida". Mas os corpos ainda tinham um coração pulsando sangue e respiração perfeitamente funcional...
O incidente, posteriormente chamado de "O Buraco Negro", foi o início do fim, e ninguém queria aceitar isso.
A partir da semana seguinte, situações similares ao "Buraco negro" ocorreram no mundo todo. Imensos pedaços de terra, agora dúzias de vezes mais que dois quilômetros quadrados, eram cobertos pelo campo negro por toda a Terra. Os "Buracos Negros" apareciam por três dias, e após sumirem, deixavam todos em um estado de vida... sem vida. Algo pior do que vegetar.
Bombardeamos a nave com nossas bombas nucleares, mas após cada explosão, quando a poeria baixava, lá estava a nave. Imóvel, intacta.
Nessa época muitas religiões surgiram, transformando os seres em Deuses. Os seguidores acreditavam que as almas das pessoas capturadas nos buracos era levados ao céu, ou ao purgatório, ou para a terra da felicidade eterna. Típico Messianismo catastrófico.
Nos meses seguintes, os Buracos consumiram praticamente todo e qualquer pessoa deste maldito planeta...
Acho que não tenho muito mais tempo de gravação...
Estou sentado aqui no escritório do prédio da central da Federação Unida em Nova York. Está tão solitário... Não vejo uma pessoa viva faz semanas. Os corpos fazem da cidade uma grande lixeira humana. Não faço idéia do porque sobrevivi tanto tempo. Estive a metros de ser engolido por um Buraco, mas escapei diversas as três vezes... Porque ainda estou vivo?
Os corpos dos que foram afetados pelos buracos são horríveis, mas o que piora a situação mil vezes mais, são os corpos dos suicidas... Incontáveis corpos destroçados. Milhões que se mataram com medo do que aconteceria nos Buracos. Cada rua está pintada com restos humanos, sangue, corpos vivos vegetando, sujos desta imundice, alguns magros de desnutrição, sujos dos próprios detritos... É como estar no Inferno.
Acho que não aguento mais viver.
Seja lá quem estiver escutando isso tudo... Adeus. Adeus e boa sorte. E lembrem-se... se acham que estão seguros de seja lá o que for que está lá fora no infinito do universo... Vocês estão muito errados...
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Gravação de áudio desativada.
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"Tolas criaturas elas eram."
"Sim, mas tiveram o 'fim' necessário. Mande a mensagem para o próximo planeta. Não é muito longe daqui. Iniciemos a próxima colheita."
A transmissão foi ao ar e capturada pela estação espacial do próximo planeta na sua língua fluente.
Dizia: "Seres de Monotath. Nos dirigimos a vocês agora para que quando o tempo chegue vocês talvez tenham alguma chance de sobrevivência. Seu planeta, o que chamam de Monotath, é um dos poucos corpos celestes em sua galáxia, a qual chamam Sarcil, farto de recursos. Somos seres, que, como vocês, precisamos de recursos para sobreviver. Viremos até Monotath. Levaremos seus recursos. E nós não deixaremos nenhuma alma para trás".
Fonte: creepypastabrazil.blogspot.com
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