domingo, 12 de julho de 2015

O Jogo Ouija

(Sequência de Tenha Medo do Escuro)    
 No meu último relato, contei sobre as almas que nos cercam em todos os momentos, e nesse mesmo contexto, está o fato dito por muitas pessoas que acreditam no mundo espiritual: o fato de que apenas um simples véu nos separa do mundo sobrenatural, o véu que esconde as almas e separa os mundos paralelos, que  nos impede de vê-las, falei que estão nos esperando falhar, pra que se apossem de nós, vou contar agora um dos modos como as pessoas mais falham, relatado em filmes como O Exorcista, Ouija, entre outros, esse modo consiste em uma simples brincadeira, mas é mais perigoso do que muitos acreditam: o Tabuleiro Ouija.

     Este jogo, consiste em um tabuleiro, com todas as letras dispostas sobre ele, números, e duas respostas prontas, SIM e NÃO. Os participantes colocam a ponta dos dedos sobre um indicador em forma meio triangular, com um buraco no centro para indicar a letra que a entidade usar para falar. 
     Muitas pessoas creem que esse jogo é só uma mera brincadeira, e que com certeza algum dos participantes está movendo o indicador, mas poucos crentes, acreditam que ele é capaz de quebrar o véu que nos separa do mundo espiritual, e nos colocar em perigo, eu passei a acreditar após uma coisa que aconteceu com uma amiga certa vez.
     Uma amiga minha me disse que tinha comprado este tabuleiro, e me chamou pra ir ao encontro que ela e alguns amigos fariam em sua casa e jogar um pouco para distrair, mas eu já acreditava nessas coisas, tudo que eu já tinha passado com aquela história de almas na escuridão, eu nunca ousaria em me envolver com isso, não queria falhar. Contei à Larissa o que eu já havia presenciado, ela claro, riu de mim, mas disse que se eu esfriasse a cabeça era pra ir lá, que ela teria uma surpresa pra mim, com aquele olhar de malícia. Ela era uma garota muito bonita e fiquei super a fim de ir, mesmo que fosse para garantir que ela não fizesse besteira.
    Então fui lá, somente por ela. Quando cheguei eu já conhecia a maioria das pessoas que lá estavam, mas as que eu ainda não conhecia ela foi me apresentando. Tomamos várias latas de cerveja, o pessoal tinha trago vodca também e outras coisas das quais não gosto de comentar, mas ficamos bem a vontade na casa dela. Ela então chegou perto de mim, estávamos dançando, uma música eletrônica bem animada, ela veio e me deu um beijo, eu adorei aquilo. Então ela disse pra mim:
     - Espera um pouco, vou buscar uma coisa para nós!
     Eu sabia o que ela buscaria, claro que era aquele maldito jogo, é lógico, ela não mudaria de ideia até que algo ruim acontecesse. E eu estava certo, ela chegou com o tabuleiro, e uns cinco amigos dela que ainda permaneciam na festa aplaudiram, embriagados, embora eu também estivesse bem além do meu limite, ainda não ousaria tocar naquilo.
     - E ai? Você vem?
     - Não vou tocar nisso, e acho que vocês também não deveriam!
     Claro que fui muito zoado, mas não ligava.
     Eles começaram e eu fiquei olhando.
     - Aqui perante às entidades por trás do véu, evocamos sua manifestação!
     Ela disse isso umas três vezes, até que o indicador se moveu, e eles riram até.
     - Entidade manifestada, diga seu nome!
     Eles se olhavam rindo, procurando que estava fazendo aquilo, e o indicador continuou a se mover formando o nome Elza. Continuaram rindo e se olhando, mas prosseguiram:
     - Elza, por que você está entre nós?
     Risos, olhares, e o indicador formou a frase, "não aceitei a morte".
     - Elza (risos), infelizmente somos muito incrédulos, dê uma pista de sua presença!
     Agora as coisas pioraram de vez, o indicador formou mais uma frase dessa vez ameaçadora " olhe pelo buraco do indicador, estou bem atrás de César". Ainda não disse mais meu nome é César, e segunda à entidade ela estava bem atrás de mim. Todos olharam estranho pra mim.
     - Por que estão me olhando?
     - Elza disse para olharmos pelo indicador, que ela estaria bem atrás de você!
     Um arrepio subiu pelo meu corpo, e entre eles um entregava o indicador para o outro, quem teria coragem de olhar? Sim, claro, a dona da festa, Larissa, pegou o indicador, e foi colocando o indicador no olho enquanto dizia:
     - Seus medrosos, vou mostra... Aaaaaaaahhhhhhh!!!!!!!!
     Ela interrompeu a frase com um forte grito, dava pra ver que foi um grito verdadeiro, eu sai do lugar onde a suposta Elza estava, e corri até Larissa.
     - O que foi Lari? O que você viu?
     Ela estava em pânico, um tremendo choque, não dava nem para duvidar de que estivesse dizendo a verdade, ela havia visto algo. E entre choro e gritos ela disse umas coisas:
     - Uma mulher César, eu a vi, bem atrás de você, ela estava aí, era verdade, ela era muito feia, estava vestindo um vestido preto, olhos negros fundos, cabelos longos e atrapalhados, meu Deus, ela está aqui em algum lugar!
     Nesse instante todos começaram a se dispersar pela sala, e afastar o tabuleiro, Larissa já havia jogado longe o indicador, e esse havia sido o maior erro, nunca se deve sair do jogo sem pedir permissão à entidade, pois assim a porta entre o mundo sobrenatural e o real fica aberta, o véu se quebra, eu tentei dizer a eles, mas estavam em pânico.
     Como se não bastasse toda aquela tensão, as luzes se apagaram e ficamos em um bréu absoluto, todos gritando ao mesmo tempo. Ouvimos móveis sendo arrastados, coisas caindo e se quebrando, e um ar frio correr pela sala.
    - Meu Deus, deixem-nos sair, por favor!!!!! - gritava uma das garotas.
    Os móveis batiam com mais força, janelas e portas não se abriam, os gritos e choros foram aumentando, e pedidos de socorro, eu estava extremamente nervoso e aflito, não por mim, eu não havia participado, mas por eles, todos haviam falhado. De repente todos olhavam assustados para um canto da sala, eu não via nada, mas me disseram que era ela, a mulher, Elza se aproximava, eu não sabia o que fazer, não podia fazer nada. Mas piorou, começaram a ver fantasmas por toda a sala, eu somente via os móveis batendo e coisas sendo quebradas, os gritos dos meus amigos ficaram o mais alto possível, me perguntava como ninguém escuta a porra desses gritos?! Por que nenhum desses malandros de rua não vem aqui e tentam arrombar essa porta, não jogávamos tudo contra o vidro da janela, ela não quebrava, vimos as pessoas lá fora mas elas não nos viam, estávamos isolados do resto do mundo, era como se a gente não estivesse ali. Mas, de repente os gritos pararam, ninguém mais gritava, estavam todos caídos ao chão e o único grito a que se ouvia era o meu. A luz se acendeu, e quebrei a janela pedindo socorro. Alguns vieram, eu corri para a porta, ela abriu facilmente, pedi ajuda pra socorrer meus amigos, eles me ajudaram, viram as bebidas ao chão e logo constataram que tínhamos ficado embriagados ao estremo.
     Tudo se acertou um tempo depois, todos estavam normais, menos Larissa, ele estava evitando a todos, pensei que era o trauma, mas depois de um tempo constatei a verdade, não era ela, eu vi nos olhos dela no hospital, mas não quis acreditar, aquele olhar de humor negro que ela nunca tivera antes, só aceitei o fato quando encontraram sua família morta, e ela desaparecida, suas digitais em uma faca, e ela fugiu. As jóias de sua mãe não foram encontradas, e apenas uma máquina fotográfica digital caída no canto, quando fui olhar as fotos haviam três fotos provavelmente tiradas de Larissa, em que ela usava um vestido preto, olhos negros fundos, cabelos longos negros, sim, era Elza, sua mãe havia tirado uma foto dela e na última foto, Elza olhava furiosa para a camêra, do mesmo modo que as almas perdidas te oham ao seu redor nesse exato momento. 

     
   
     

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