terça-feira, 11 de junho de 2013

A Maldição dos 11

Certa vez quando eu voltava da escola em direção ao metrô, eu avistei uma mulher baixinha e idosa com uma saia bem longa e sem sapatos. Ela estava tentando ler a mão das pessoas que passavam em troca de dinheiro, mas uma hora, enquanto corria implorando por dinheiro à um homem, ela caiu e se espatifou no chão. Eu, sem pensar, dei uma risada tão alta que chegava a ser ignorante. Todos me olharam assustados e a idosa me olhava com fúria no chão. Eu tentei dizer desculpas à ela mas antes que eu dissese alguma coisa ela sacou uma faca dourada da bolsa e correu em minha direção. Alguns homens que passavam por lá a seguraram antes de fazer alguma coisa. Mas ela estava tão decidida à se vingar da humilhação pública que eu fiz a ela, que jogou a faca em mim, e eu que na minha opinião tenho reflexos rápidos, me esquivei bem apesar da faca ter cortado de raspão no meu dedo mindinho esquerdo. Os homens estavam levando ela para bem longe quando eu percebi que estava sorrindo com satisfação. Deve ser louca. A faca havia desaparecido e eu decidi ignorar tudo isso.


  À noite, enquanto eu dormia, eu tive um pesadelo com a mesma mulher de antes me encarando o sonho inteiro com o mesmo sorriso de satisfação. Até ela dizer: “Agora são 10.” E eu acordei. De manhã, um pouco incomodado com o sonho, eu cortei um pão francês ao meio. E quando fui pegar o tomate, deixei cair a faca. Mas antes que encostasse no chão, eu a peguei com minha mão esquerda justo na lâmina e cortei meu dedo anelar. 


 Chegando à noite, tive o mesmo sonho, mas dessa vez ela disse: “Agora são 9.” Tentando ignorar a mulher do sonho, enquanto cortava alguns papéis com o meu estilete, eu cortei o meu dedo médio. E de novo, à noite em meu sonho ela me encarou com o mesmo sorriso e disse: “Agora são 8.” 

 E então na escola, eu folheei um livro até cortar meu dedo indicador. E então percebi. A mulher que me aparece nos sonhos está cortando os meus dedos um por um como vingança. Mas por que cortar dedos? Isso realmente é tudo que ela queria fazer? Então, sabendo que ela apenas queria fazer um pequeno corte nos meus dedos, eu fiquei até um pouco mais tranquilo. Mas mesmo assim, eu tomei cuidado para não cortar. Mas não importa o que eu fazia, ela sempre dava um jeito de cortar o meu dedo. Facas, estiletes, animais, pessoas descuidadas, etc, algum deles me cortavam uma vez por dia. E quando eu já tinha três Band-aids e cinco cicatrizes na mão, eu decidi enrolar minhas mãos em panos grossos e bem firmes e ficar trancado em casa (já que era domingo), porém, eu senti de repente uma dor terrível no dedo e desenrolei o pano rapidamente. Havia um inseto negro com patas de caranguejo e uma cauda longa e encurvada. Um escorpião. Meu pai logo que viu o escorpião me levou rapidamente ao pronto-socorro depois de matar o bicho. O médico disse que eu estava sem nenhum veneno no corpo, porque o escorpião que me cortou não era venenoso.  

Eu voltei para casa e percebi que só faltava mais um dedo a ser cortado, mas quando eu fui dormir, o sonho que sonhei todas as noites recentemente disse: “Agora são 2.” Eu pensei: “Ué? Ela se confundiu?” No dia seguinte, no caminho de volta para casa, no mesmo lugar onde eu tudo começou, havia uma mulher jovem que também tinha uma saia longa e estava descalça. Ela pediu para ler a minha mão em troca de algumas moedas. Havia um olhar melancólico em seu rosto. Enquanto a mulher lia a minha mão me falando sobre a minha personalidade e coisas assim, uma outra moça com a mesma roupa apareceu correndo falando em espanhol. Eu não entendi muito bem, só o que eu entendi foi o “Esse homem”, “sua mãe” e “cadeia”. Ela me olhou primeiramente duvidosa e então, furiosa. A minha mão da qual ela segurava foi apertada e apertada com todas as forças que ela tinha. Mas esse não era o problema, o problema é que aquelas mulheres sempre tem unhas grandes e afiadas. E foi apenas uma unha para cortar profundamente o meu dedo mindinho direito. A mulher me soltou com violência sabendo que se continuasse acabaria como a última que tentou me machucar. Então ela simplesmente disse para nunca mais aparecer por ali. E desde então eu ando cinco quadras para chegar à estação, mas isso não tem importância. O que importa, é que acabou. Mas assim que caiu a noite eu tive o mesmo sonho de antes. Não…Tinha algo de diferente…O seu sorriso parecia estar mais e mais largo. E os seus olhos, totalmente brancos e cheios de nervos. E com toda a clareza e satisfação disse: “Agora é só 1.” Acordei assustado, nunca tive tanto medo na minha vida inteira. Mas agora acabou, certo? Ou quando ela disse que ainda tinha mais um ela quis dizer um dedão do pé? Mas quando eu estava indo até à estação, um carro dirigia em alta velocidade e pelo o que eu me lembro, ele me bateu com tanta força à ponto de eu voar e cair com tudo no asfalto áspero. Dor na cabeça, dor nas costas, dores nas pernas, …. É tudo no que eu pensava no momento, mas, quando eu dei uma olhada para cima, uma lâmina dourada atravessou minha garganta. E então eu ouvi uma voz claramente conhecida que disse: “Eu nunca disse 11 dedos.”

5 comentários:

  1. Muito bom. Curti demais! Acho ciganas tão macabras. Quando vejo uma na rua passo bem longe, rs.

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  2. Que bom que gostou! Você acompanha o blog a quanto tempo?

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    1. Gostei! Outro que adorei foi o anterior "A Festa", até comentei, mas pelo celular é complicado, comento e não aparece algumas vezes, rs.

      Faz algumas semanas (estou sem noção de tempo) que acompanho, vi o link nos comentários de outro blog e acabei acessando aqui, fiquei lendo uma postagem atrás da outra. Hahaha. Só faltou comentar, rs.

      Parabéns pelo blog, Arthur. Excelente trabalho, de verdade! ;)

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  3. É sempre um incentivo saber que alguém gosta do blog :)

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    1. Ah, imagino! É sempre bom, né? rs. Está nos favoritos. Encontrei esses blogs com a temática horror a pouco tempo, alguns meses atrás, fiquei nostalgica, sou da época das comunidades de terror no falecido Orkut. Hahaha. Credo.

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